10 outubro 2005

Sim, Sim! Por quê não?

A questão do referendo pode ser colocada de forma simples, aliás como já foi por muitas pessoas: armas servem para matar - não servem para ferir ou assustar - SERVEM PARA MATAR. Você quer ter o direito de poder matar uma pessoa - geralmente um bandido (aquele monstro que está logo ali no morro ou na prisão e que geralmente é pintado como um horrendo assassino, estuprador, comedor de criancinhas), quer ter o direito de se defender (como se precisasse fazer isso todo dia), quer poder comprar uma arma se quiser mas, para quê comprar uma arma se não for para matar?
Disse Milton "menos armas, menos mortes", a questão pode ser colocada assim. É a conclusão lógica para "Se tenho muitas mortes por armas de fogo (excetuando aquelas cometidas por "bandidos"), menos as terei se delas me livrar. Não esqueçamos que não serão recolhidas as armas já existentes nas casas e trabalhos dos "cidadãos de bem".
Devemos, contudo, concordar com Maria Helena, a luta deve ser também para desarmar os que teimam em ficar armados "Vamos lutar TAMBÉM pela proibição do porte e compra de armas pelos técnicos da Receita Federal, pelos juízes e pelos advogados....".
O argumento de que deveríamos discutir coisas mais importantes(?) ao invés desta proibição é espantoso! Não é importante discutir a proibição do comércio de armas e munição? Onde ficam os muitos movimentos pela paz, paz no trânsito, as campanhas tão desejadas por nós e das quais participamos intensamente, nem que seja assistindo uma novela? Então não estamos no caminho certo ao começarmos a banir um meio violento do nosso meio?
Não me digam que o "bandido" não vai se desarmar, este, com ou sem referendo, continuará seu papel porque dele a sociedade e o Estado já se esqueceram há muito. Na verdade só se lembram quando mata um "cidadão de bem".
Não é possível estabelecer critérios objetivos para definir quem são "cidadãos de bem" e "bandidos", até porque já são duas expressões carregadas de pré noções e objetivos implícitos. São expressões carregadas ideologicamente e que implicam em uma certa visão de mundo muito particular. Você é um "cidadão de bem" ou um "bandido"? Quem sabe um pouco dos dois - já que comete o crime de trânsito (dirigir sob o efeito de álcool), o pequeno furto (aquele copo da cervejaria que freqüentamos), a sonegação de impostos, a pequena corrupção ou o estímulo à prevaricação, não é mesmo? Será que o bandido é somente aquele que o imaginário coletivo constrói, o "Fernandinho Beira-Mar"? Todos estamos sujeitos a sermos considerados bandidos nalgum dia.
É possível com a proibição do comércio de armas salvarmos vidas? Se sim, já vale a pena. Ou seja, eu não me importo de ser proibido de comprar armas para que outras vidas sejam salvas. É, sem sombra de dúvidas, uma opção por permitirmos que certos acontecimentos não venham a ocorrer conosco e com os outros, é pensar no outro...
Enfim, temos que começar por algum lugar, por quê não agora? Por quê não começarmos a perguntar os porquês de não proibirmos este comércio?

Um comentário:

  1. Rolf, concordo contigo que muitos argumentos do NAO sao espantosos. O maior deles e' dizer que o referendo nao presta ou que e' dinheiro jogado fora. Na chance que o povo tem de dizer o que pensa, seria burrice votar NAO so' por ser contra o referendo em si. O debate e' imperfeito, assim como o referendo, mas e' uma pena que muitos estejam jogando o seu voto fora.

    Abraco!

    PS = Acho que nos desentendemos num comentario meu no blog das Novoa. Meu tom sarcastico talvez se excedeu nas gozacoes em cima de quem acha que a proibicao das armas e' o primeiro passo para o fascismo. Minha gozacao foi em cima disso, nao porque eu ache realmente que Lula = Hitler.

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