17 outubro 2005

Humanidade

Fernandinho Beira-Mar está aqui em Florianópolis. Foi transferido para a carceragem da Polícia Federal daqui "ao arrepio da lei e das autoridades locais" vociferam todos, sem exceção, poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e OAB entre outros.
Deve ficar aqui pelo menos por mais um ou dois meses. Infeliz colocação do nosso presidente da OAB local que "relembrando o clima de insegurança instalado aqui desde a chegada do "facínora"" vai dar entrada em uma ação de improbidade contra o Ministro da Justiça.
Por que a insistência em colocar o sujeito como o maior bandido do Brasil, referindo-se a ele como se fosse escapar a qualquer momento, matar dez, estuprar 20, tomar 50 como reféns, incendiar a capital e provocar uma guerra civil??? Ora, ele É UM SER HUMANO, que não é este super bandido, e que já não esta fora da lei, ao contrário, está cumprindo pena do jeito que a sociedade exige e como ser humano tem direito a viver uma vida digna.
Espanta-me a forma indignada como as pessoas, em especial a imprensa (essa já não espanta mais), se referem às coisas que poderiam parecer privilégios, mas não são.
Parece que as pessoas entendem que Beira-Mar deveria ser tratado como um animal e as "otoridades" insitem em reforçar esta idéia.
Santa ignorância! Está na hora de fazerem uma discussão mais séria neste sentido! Enquanto isso deixem o Beira-Mar quieto que logo estará esquecido na masmorra!

Um comentário:

  1. Talvez seja coisa de instinto, mas o cidadão comum ainda vive no período da vingança pessoal. Ontem eu estava falando de um caso de um ladrão que cometeu 3 roubos à mão armada utilizando o mesmo modos operandi e no mesmo dia. Tendo sido condenado em 2 processos com penas semelhantes (6 anos e 2 meses e 6 anos e 4 meses) e teve um terceiro processo com condenação definitiva de 6 anos e apenado pediu para que fossem unificadas as penas. Meu pai não entendia porque a regra do crime continuado era para aplicar a pena maior aumentada de até 2/3 em vez de somar as 3 penas. Ele simplesmente achou um absurdo.

    Vivemos num paradoxo, tentamos condenar severamente o delinqüente, mas, uma vez condenado, tentamos fazer com que ele viva da melhor forma possível e saia o quanto antes daquela condição tão ruim de vida.

    Eu não tenho uma solução para isso, mas o sistema prisional brasileiro é algo caro para o estado, ruim para o apenado e pior para o cidadão (quando o infrator for solto ou fugir). Ninguém merece tomar banho de sol por 20 anos sem fazer mais nada, mas também não se pode instituir trabalhos forçados. É um impasse.

    ResponderExcluir