23 outubro 2005

e ganhou a insanidade...

O "não" venceu neste domingo. Outubro negro para o Brasil que poderia ter dado exemplo ao mundo ao proibir o comércio de armas.
Dureza é ver pacifistas e humanistas votarem pelo "não" sem perceber que a proibição em questão é um primeiro passo de muitos, mas importante, necessária e que salva vidas.
Sinceramente, não sei o que estas pessoas - que votaram pelo "não" - terão o que comemorar com a sua vitória. "Viva! Vencemos! Continuarão a ser vendidas armas no Brasil! 'Pessoas de bem' também continuarão morrendo com armas 'legais'!"?????
Para mim há uma certa falta de sanidade aí, pois não?

17 outubro 2005

Humanidade

Fernandinho Beira-Mar está aqui em Florianópolis. Foi transferido para a carceragem da Polícia Federal daqui "ao arrepio da lei e das autoridades locais" vociferam todos, sem exceção, poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e OAB entre outros.
Deve ficar aqui pelo menos por mais um ou dois meses. Infeliz colocação do nosso presidente da OAB local que "relembrando o clima de insegurança instalado aqui desde a chegada do "facínora"" vai dar entrada em uma ação de improbidade contra o Ministro da Justiça.
Por que a insistência em colocar o sujeito como o maior bandido do Brasil, referindo-se a ele como se fosse escapar a qualquer momento, matar dez, estuprar 20, tomar 50 como reféns, incendiar a capital e provocar uma guerra civil??? Ora, ele É UM SER HUMANO, que não é este super bandido, e que já não esta fora da lei, ao contrário, está cumprindo pena do jeito que a sociedade exige e como ser humano tem direito a viver uma vida digna.
Espanta-me a forma indignada como as pessoas, em especial a imprensa (essa já não espanta mais), se referem às coisas que poderiam parecer privilégios, mas não são.
Parece que as pessoas entendem que Beira-Mar deveria ser tratado como um animal e as "otoridades" insitem em reforçar esta idéia.
Santa ignorância! Está na hora de fazerem uma discussão mais séria neste sentido! Enquanto isso deixem o Beira-Mar quieto que logo estará esquecido na masmorra!

14 outubro 2005

Referendum

Sobre o referendo do dia 23 agora, uma coisa que tenho notado nas várias discussões a respeito é que existe uma raiva não contida, uma repulsa ao referendo que não é explicável por si só. As pessoas que demonstram estar descontentes com a consulta não conseguem explicitar o que realmente ela traz de nocivo. Afinal, não é um meio democrático de consultar a população sobre um tema importante? Este não é um tema importante? Não devemos também pressionar os legislativos para que sejam em maior número os referendos?
De um modo geral o que pude perceber é que as pessoas que não gostam da idéia do referendo ou são contra a proibição de que trata ou dizem que são favoráveis à proibição, mas que por causa do referendo votam "não", etc.
Penso que na verdade estas pessoas não gostam da idéia da consulta por que tem muito a perder com o "sim" ou têm divergência política com a própria idéia do referendo.
É uma pena que existam muitas manifestações neste sentido porque esta é uma excelente oportunidade do exercício democrático.
Somos pessoas imperfeitas em uma sociedade imperfeita e com "referendos" imperfeitos - nem tudo é como gostaríamos que fosse - mas podemos contribuir para mudar as coisas para melhor - e esta é uma das formas de fazê-lo.

10 outubro 2005

Sim, Sim! Por quê não?

A questão do referendo pode ser colocada de forma simples, aliás como já foi por muitas pessoas: armas servem para matar - não servem para ferir ou assustar - SERVEM PARA MATAR. Você quer ter o direito de poder matar uma pessoa - geralmente um bandido (aquele monstro que está logo ali no morro ou na prisão e que geralmente é pintado como um horrendo assassino, estuprador, comedor de criancinhas), quer ter o direito de se defender (como se precisasse fazer isso todo dia), quer poder comprar uma arma se quiser mas, para quê comprar uma arma se não for para matar?
Disse Milton "menos armas, menos mortes", a questão pode ser colocada assim. É a conclusão lógica para "Se tenho muitas mortes por armas de fogo (excetuando aquelas cometidas por "bandidos"), menos as terei se delas me livrar. Não esqueçamos que não serão recolhidas as armas já existentes nas casas e trabalhos dos "cidadãos de bem".
Devemos, contudo, concordar com Maria Helena, a luta deve ser também para desarmar os que teimam em ficar armados "Vamos lutar TAMBÉM pela proibição do porte e compra de armas pelos técnicos da Receita Federal, pelos juízes e pelos advogados....".
O argumento de que deveríamos discutir coisas mais importantes(?) ao invés desta proibição é espantoso! Não é importante discutir a proibição do comércio de armas e munição? Onde ficam os muitos movimentos pela paz, paz no trânsito, as campanhas tão desejadas por nós e das quais participamos intensamente, nem que seja assistindo uma novela? Então não estamos no caminho certo ao começarmos a banir um meio violento do nosso meio?
Não me digam que o "bandido" não vai se desarmar, este, com ou sem referendo, continuará seu papel porque dele a sociedade e o Estado já se esqueceram há muito. Na verdade só se lembram quando mata um "cidadão de bem".
Não é possível estabelecer critérios objetivos para definir quem são "cidadãos de bem" e "bandidos", até porque já são duas expressões carregadas de pré noções e objetivos implícitos. São expressões carregadas ideologicamente e que implicam em uma certa visão de mundo muito particular. Você é um "cidadão de bem" ou um "bandido"? Quem sabe um pouco dos dois - já que comete o crime de trânsito (dirigir sob o efeito de álcool), o pequeno furto (aquele copo da cervejaria que freqüentamos), a sonegação de impostos, a pequena corrupção ou o estímulo à prevaricação, não é mesmo? Será que o bandido é somente aquele que o imaginário coletivo constrói, o "Fernandinho Beira-Mar"? Todos estamos sujeitos a sermos considerados bandidos nalgum dia.
É possível com a proibição do comércio de armas salvarmos vidas? Se sim, já vale a pena. Ou seja, eu não me importo de ser proibido de comprar armas para que outras vidas sejam salvas. É, sem sombra de dúvidas, uma opção por permitirmos que certos acontecimentos não venham a ocorrer conosco e com os outros, é pensar no outro...
Enfim, temos que começar por algum lugar, por quê não agora? Por quê não começarmos a perguntar os porquês de não proibirmos este comércio?

06 outubro 2005

Apresentação!

Este é o "quem controla..." e este seu post inaugural.
Esta é a experiência individual daquilo que já se estava exercitando no Uivemos... Vamos ver se dá certo...
É o espaço em que pretendo discutir mais profundamente alguns assuntos e o primeiro(segundo) post será sobre a descriminalização do aborto - na linha do que vem acontecendo no Nós na Rede. O segundo será sobre o referendo sobre a proibição do comércio de armas e munição no Brasil. E assim por diante...
Espero que este seja um bom espaço para estas discussões...