19 março 2006

"Debates" ou "Como fazer do mundo o mundo se não discordamos"

São dois os debates ou dois os vieses de uma mesma discussão (olha a gente criando e recriando o mundo - ou o Ser Humano e a sociedade).

Em primeiro lugar a política. Continuo afirmando que voto no candidato da "situação". Há, sem sombra de dúvida, uma diferença que ainda persiste entre esquerda e direita. A política hoje não é mais aquela, em que o "povo" - os cidadãos - discutiam as coisas da pólis na praça, aliás onde durante muito tempo se resolviam os problemas legais - em praça pública e não nos templos do poder (judiciário). A política é, sem dúvida, um jogo de interesses defendidos pelos representantes eleitos pelo convencido eleitor de que defenderá seus interesses; é um campo de negociação, em que se dá os dedos para ficar com os anéis (geralmente isso e não o contrário - háháhá); é instrumento de poder, o que faz que muitos que tomam seu gosto não o queiram abandonar. Mas é, ainda, o lugar por excelência para se discutir o preço do feijão; a prostituição, principalmente a infantil; o acesso à luz, educação e saúde (Brecht). Assim, podemos ter certeza que o sujeito ligado à Tradição, Família e Religião (qualquer semelhança com TFP ou Opus Dei não deve ser coincidência), não será o melhor sujeito para governar um país que, apesar dos pesares, é um modelo de busca de tolerância - em todos os sentidos - mais pelo que o povo faz do que pelas políticas públicas propriamente ditas, ainda que tenhamos algumas que são louváveis. Por isso continuo preferindo o candidato da "situação", porque ele tem na sua origem uma visão mais ampla do mundo e que faz diferença na hora de governar. Ainda que ele se afaste um tanto daquilo, ou melhor, daquelas idéias que o construíram, ele não pode mesmo se afastar completamente. Agora para quem já não foi construído por idéias democráticas e de amplos horizontes, chegar lá é praticamente impossível.

Aguardem a segunda parte.

P.s. Alckmin dizer que é o candidato da mudança, isso sim é que é estelionato eleitoral!

Um comentário:

  1. Pra variar, discordo em parte.

    Também voto no candidato da situação. Ainda acredito que ele será muito melhor do que o candidato da oposição ou do candidato que professa a mesma religião que eu. Sendo eu, "tão religioso" isso soa como contra-senso? Acho que não. O que Bush, Abraham Lincon e Gadhi têm em comum? Esses três são/foram muito religiosos. Creio que o critério se ser religioso não é fator determinante de um bom ou mau governante.

    Também acredito na possível mutabilidade de uma pessoa. Eu sou exemplo disso, outros mais famosos também são. Hitler governou seu país de forma legítima durante certo tempo (o povo o apoiava) e a Alemanha até cresceu durante seu governo. Conheço também extremistas que defendiam com vigor certas idéias e hoje defendem com mais vigor ainda idéias absolutamente contrárias.

    Mas é esperando que as pessoas não mudem para pior - e esperando que melhorem -, mantenho meu voto.

    ResponderExcluir